quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

DANÇA DO URUBU

Urubu malandro)

Autor desconhecido, recolhida e arranjada por Louro (1917)



Urubu veio de riba

Com fama de dançadô

Urubu chegou no Rio

Urubu nunca dançou



Dança, dança urubu

Eu não, sinhô



Urubu não vai ao céu

Nem que seja rezadô

Urubu catinga muito

Persegue Nosso Senhor



Foge, foge urubu

Eu não, sinhô



Urubu está cantando

Que nada sabe dizê

Em Mato Grosso se ouve:

Que foi a tropa fazê?



Fala, fala urubu

Eu não, sinhô



Urubu lá do Pará

Quem tem fama de avançadô

Larga o trono, vem embora

Deixa o Lauro por favô



Deixa, deixa urubu

Eu não, sinhô



Urubu delegado

É um moço de valô

É bonito e é letrado

Sabe mais que um dotô



Sabe, sabe urubu

Eu não, sinhô



Urubu municipá

Larga o osso por favô

Vê se come os intendente

Da mão do bispo, sinhô



Come, come urubu

Eu não, sinhô



Urubu chega disposto

Deixa o povo por amô

Corta os casaca-lavado

Que é pessoá avançadô



Corta, corta urubu

Eu não, sinhô



Urubu Nascimento

Carinha que Deus pintô

Meta a mão na algibeira

Paga aquele cantor



Paga, paga urubu

Eu não, sinhô





Gravada originalmente na Odeon em 1917 por Baiano, acompanhado por coro e orquestra, e lançada como "canção carnavalesca" em discos 78 rpm.

Outras gravações conhecidas são as de Oito Batutas (1922), Ademilde Fonseca (1943), Benedito Lacerda & Pixinguinha (1947), Fon-Fon e sua Orquestra (1947), Eugênio Martins (flauta), Dante Santoro (flauta, 1950), Os Copacabana (1950), Dimas e Vavá (pífaros), Waldir Calmon e seu Conjunto (1952), Radamés Gnattali Sexteto, Altamiro Carrilho, Carlos Poyares (flauta, 1975)), Netinho, Trio Elétrico de Dodo & Osmar (1974), Os Coroas, Banda Bandeirantes, Dodo & Osmar, Altamiro Carrilho & Paulo Moura (1987), Charles Gonçalves (flauta, 1988 aos 14 anos), Os Ingênuos, Oswaldo Montenegro, entre outras.

Música folclórica recolhida nas proximidades da cidade de Campos, RJ, pelo clarinetista Lourival de Carvalho (Louro). A letra satiriza fatos e personagens políticos da época.

Em excursão feita em 1922 com os Oito Batutas pela Argentina, Pixinguinha, em solo de flauta, grava-a virtuosamente em Buenos Aires, intitulando-a simplesmente de Urubu.

Também conhecida como Samba do urubu, em 1943, surge a gravação de Ademilde Fonseca com novos versos de João de Barro, e desta vez como Urubu malandro. Eis os versos:

Urubu veio de cima

Com fama de dançador

Urubu chegou na sala

Tirou dama e não dançou



Ora, dança urubu

Eu não senhor

Tira a dama, urubu

Eu sou doutor



Urubu chegou de fraque

Cartola e calça listada

Urubu deixa de prosa

Vem cair na batucada



Urubu perdeu a fama

E se desmoralizou

Apanhou a melhor dama

Foi dançar e encabulou

Nenhum comentário: